A Comissão das Energias Renováveis e dos Recursos Hídricos, da ALMG, presidida pelo deputado Gil Pereira, analisou no dia 15/09/21, com as associações e principais instituições relacionadas ao setor, a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, que provoca apreensão em todo o país, agravando-se a cada ciclo anual com a drástica redução das chuvas, o aumento da temperatura e a degradação ambiental. E as suas consequências, como a ameaça de desabastecimento de água para o consumo humano, a agropecuária e a indústria, além do risco de racionamento de energia e da escalada de aumentos na conta de luz.
Foram apresentados dados científicos abrangentes, através da participação de representantes da Absolar, ABGD, Aneel, EPE, ONS, Eletrobras, Codevasf, Idene, Cemig, Copasa, Igam, Fiemg, Semad-MG, Defesa Civil e INMET, cujas propostas convergiram para encaminhamentos e providências a serem tomadas para enfrentar o problema a curto, médio e longo prazo, trazendo de volta a segurança hídrica necessária.
“A geração de energias renováveis, especialmente a eólica e solar, foco do meu trabalho parlamentar há uma década, assumiu destaque no debate como alternativa a este quadro crítico, pois contribui de forma decisiva para manutenção dos níveis dos reservatórios, sem emissão de poluentes e gases de efeito estufa, podendo a água ser destinada, prioritariamente, ao consumo humano e às demais atividades essenciais à sociedade”, ressaltou o deputado Gil Pereira.
Poços artesianos energizados com placas solares
Foi destacada, ainda, a necessidade de implementação de políticas públicas para construção de reservatórios e barramentos, além da preservação do meio ambiente e dos mananciais de água: “Fundamental é a economia de água e energia, por todos nós, além da solicitação de recursos que fizemos ao Ministério de Minas e Energia (MME), para que sejam equipados com energia solar, em parceria com a Cemig, Taesa, Copasa e Codevasf, os mais de 3 mil poços artesianos já perfurados no Noroeste, Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, incluindo os 168 municípios da Área Mineira da Sudene”, afirmou o deputado Gil Pereira.
E completou: “Nesse sentido, propus na ocasião o PL 3.120/21, que autoriza o Estado a criar o programa ‘Energia solar para gerar água’, em Minas Gerais”, destacou Gil Pereira, lembrando que o objetivo é levar água, qualidade de vida e sustentabilidade às comunidades isoladas, utilizando energia limpa.
O Requerimento n.º 10.183, de autoria do deputado Gil Pereira, foi encaminhado ao governador do Estado, para que seja editado decreto que isente os beneficiários da tarifa social do acréscimo da chamada bandeira de escassez hídrica”, definida pela Aneel, pois a conta de luz ficou, em média, 6,78% mais cara, penalizando a população mais vulnerável. O novo valor da taxa extra, de R$ 14,20 pelo consumo de 100 kWh, passou a vigorar a partir de 1º/09/21, até 30/04/22. Na comparação com o valor da “Bandeira Vermelha 2”, que vigorava anteriormente, e custava R$ 9,49 por 100 kWh, o aumento é de 49,6%.
Preservação dos reservatórios
Em meio ao cenário de escassez de chuvas, a energia solar desponta como alternativa para garantir o suprimento de eletricidade, evitando assim o risco de racionamento, conforme avaliação da vice-presidente de Geração Distribuída da (Absolar), Bárbara Rubim.
“A solar é uma fonte resiliente aos eventos climáticos extremos e deveria ser utilizada em larga escala para minimizar os impactos da crise hídrica. A melhor forma de poupar água é reservá-la para o abastecimento humano e a agricultura”, argumentou ela.
Além de preservar os reservatórios das hidrelétricas, a adoção da energia solar poderia reduzir a utilização das usinas termelétricas, poluentes e que têm alto custo operacional. “O racionamento de energia já começou da maneira mais perversa, com aumento do seu preço”, salientou Bárbara Rubim, referindo-se à bandeira tarifária de escassez hídrica: “O consumidor de baixa renda vai economizar porque não vai conseguir pagar a conta de luz”.
Usina solar flutuante
Em 2020, o país ampliou sua capacidade instalada de geração de energia solar em 3,1 GW, alcançando total de 10,4 GW. Minas Gerais lidera a geração distribuída solar, com 18,4% do total. “Se construirmos uma política pública voltada para o atual momento de crise, o setor vai responder, entregando mais projetos”, afirmou a representante da Absolar.
Uma das medidas tomadas pela Cemig para enfrentar a crise hídrica é justamente o investimento em energias renováveis. Segundo o diretor da Cemig Geração e Distribuição, Thadeu da Silva, já está em andamento a licitação para aquisição dos equipamentos de uma usina solar flutuante na represa de Três Marias (Região Central). De acordo com ele, o impacto ambiental da estrutura é mínimo e sua instalação contribui para reduzir a evaporação do reservatório da hidrelétrica.
Armazenamento de água
Chuvas irregulares, secas pronunciadas e temperaturas cada vez mais altas compõem o panorama climático da Região Sudeste, conforme dados compilados pelo Inmet.
O coordenador do 5º Distrito de Meteorologia, Lizandro Gemiacki, apresentou estatísticas que evidenciam que o início das estações chuvosas tem apresentado atrasos nos últimos anos, o que significa estações secas mais prolongadas e menor volume de precipitações nos meses de outubro e novembro.
Além disso, os episódios de chuvas contínuas por dias seguidos, antes comuns na região, têm diminuído, dando lugar a pancadas intensas concentradas em poucos dias do ano, segundo. Paralelamente, os chamados veranicos (quando para de chover em plena estação chuvosa) têm se tornado cada vez mais intensos.
“Pode acontecer qualquer coisa acima ou abaixo da média climatológica. A solução é estar preparado para os piores cenários”, sugeriu o meteorologista. Na sua avaliação, é preciso pensar estratégias de armazenamento de água, como barragens e barraginhas, para lidar com os períodos de escassez, que vêm se tornando cada vez mais comuns.
Projeto Jequitaí
No Norte de Minas, região mais castigada pela seca, a Codevasf atua em três grandes frentes: revitalização do Rio São Francisco (com cercamento de nascentes e veredas e tratamento de esgoto); instalação de cisternas para aproveitamento da água da chuva; e construção de barragens. O reservatório mais importante em construção é o do Rio Jequitaí, que vai permitir a irrigação de 35 mil hectares. Porém, o projeto esbarra na falta de recursos.
A primeira etapa do empreendimento vai exigir investimentos da ordem de R$ 482,8 milhões. Já foram gastos R$ 176 milhões e ainda faltam R$ 212 milhões para a sua conclusão. Por isso, o superintendente substituto da Codevasf, em Montes Claros, Fernando de Britto, defendeu que é preciso incentivar os deputados a destinarem recursos de emendas orçamentárias a ações de preservação e geração de recursos hídricos.
O deputado Gil Pereira encaminhou o Requerimento 10.179/21 à bancada parlamentar mineira, no Congresso Nacional, para que sejam alocados R$ 212 milhões ao orçamento da Codevasf, necessários à conclusão da Barragem de Jequitaí.
Gil Pereira alertou que o Norte de Minas está há 139 dias sem chuva e a seca severa também prejudica as usinas hidrelétricas em várias regiões do Estado, especialmente as localizadas no Rio Grande Sudoeste de Minas): “A segurança hídrica é indispensável para o desenvolvimento de qualquer nação”, declarou o parlamentar.
Fonte: https://www.absolar.org.br/noticia/energia-solar-e-alternativa-para-manter-reservatorios-e-evitar-racionamento/
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